O doente com traqueostomia
depende muito da equipe de enfermagem. Após ter sido efetuada uma traqueostomia
ele pode ficar apreensivo em virtude à sua incapacidade de comunicar com os
outros e com o medo de asfixiar.
No pós-operatório imediato
será necessária grande vigilância do doente, para evitar complicações que
possam surgir.
Monitorização contínua
O estoma recentemente feito
deve ser mantido, por intermédio da aspiração de secreções. Esta deve ser
efetuada de duas em duas horas do pós-operatório. A necessidade de aspiração
poderá ser determinada pelo som do ar que vem da cânula especialmente se o doente
respirar fundo.
Quando a respiração é
ruidosa, o pulso e a frequência respiratória aumentam, o doente necessita de
aspiração. Os doentes que estão conscientes podem geralmente indicar quando
necessitam de aspiração. Um doente que consiga expulsar as secreções pela tosse
não necessita de ser aspirado tão frequentemente.
Se os sinais vitais se
encontram estáveis, o doente deve ser colocado em semifowler para facilitar a
ventilação, promover a drenagem, minimizar o edema e evitar a tensão sobre as
linhas de sutura.
Os analgésicos e sedativos
deverão ser administrados cuidadosamente de modo a não deprimir o centro
respiratório assim como o reflexo da tosse.
A traqueostomia constitui
uma porta aberta à entrada de micro-organismos patogênicos para vias respiratórias
inferiores, aumentando o risco de infecção. É essencial que sejam rigorosamente
implementadas as seguintes intervenções preventivas de enfermagem.
Reduzir ao mínimo o risco de infecção
Qualquer tubo inserido no
interior da traqueia provoca irritação da mucosa e em consequência há maior
produção de muco.
Procedimentos
- Observar o doente
regularmente quanto ao excesso de secreções e fazer aspiração segundo norma do
serviço e com a frequência necessária.
- Substituir traqueias, peça
em T ou máscara de O2 sempre que estas caiam ao chão e protegê-las quando não
estão sendo utilizadas pelo doente.
- Remover a água que
condensa na traqueia e não a introduzir novamente no nebulizador.
- Despejar a água destilada
restante do nebulizador de cada vez que este é cheio de novo, ou pelo menos a
intervalos de 24 horas.
- Fazer curativo do estoma
conforme norma do serviço.
Assegurar adequada ventilação e oxigenação
- Vigilância das saturações
de o2.
- Vigiar frequências
respiratórias e expansão torácica que deverá ser simétrica.
- Mudança de decúbito do
doente de duas em duas horas ou de três em três horas se doente inconsciente.
- Proporcionar segurança e
conforto.
- O cuff deve ser insuflado de
acordo com o protocolo da instituição, caso seja necessário ambuzar o doente
antes de cada aspiração.
Higienizar frequentemente a boca
As secreções têm tendência a
acumular-se na boca e na faringe.
- Fazer cuidadosa aspiração
da orofaringe quando necessário.
- Inspecionar os lábios, a
língua e a cavidade oral regularmente.
- Limpar a cavidade oral
- Aplicar vaselina ou
qualquer outro lubrificante nos lábios
Minimizar as dificuldades resultantes da privação da fala.
- Estabelecer um método de
comunicação aceitável.
- Organizar as perguntas, de
modo que o doente possa responder com um simples «sim» ou «não», acenar de
cabeça ou por movimentos das mãos.
- Se o doente sabe escrever,
incentivá-lo a escrever num papel para se comunicar.
- Conversar com o doente e
explicar-lhe todas as atividades
- Encorajar a família e os
amigos a falarem com o doente.
- Ter sempre a campainha ao
alcance do doente.
- Orientar com frequência o
doente.
- Repetir com insistência
que a capacidade de falar regressará quando a cânula for retirada.
Prescrições gerais de enfermagem para o paciente com patologias associadas ao sistema respiratório
- Manter uma via aérea
permeável;
- Promover o conforto;
- Promover o conhecimento do
paciente;
- Promover a comunicação;
- Ensinar o autocuidado ao
paciente;
- Monitorar e tratar
potenciais complicações;
- Promover a nutrição
adequada