Cuidados de enfermagem a pacientes portadores de acidente vascular cerebral

Cuidados necessários para uma assistência de enfermagem satisfatória a um paciente com AVC.

Melhorando a mobilidade e prevenindo as deformidades


O posicionamento correto é importante para evitar contraturas; são usadas medidas para avaliar a pressão, auxiliar no controle do bom alinhamento corporal e evitar neuropatias compressivas, especialmente dos nervos olhar e fibular.

Prevenindo a adução do ombro


Quando o controle dos músculos voluntários é perdido, os fortes músculos flexores exercem controle sobre os extensores. O braço tende a aduzir (os músculos são mais fortes que os abdutores) e a girar internamente.
Para evitar a adução do ombro afetado, um travesseiro é colocado na axila quando existe rotação externa limitada; isso mantém o braço afastado do tórax. Um travesseiro é colocado sob o braço, e este é colocado em uma posição neutra (ligeiramente flexionada), com as articulações distais posicionadas mais elevadas que as articulações mais proximais. Dessa maneira, o cotovelo fica mais elevado. Isso ajuda a evitar o edema e a fibrose resultantes, os quais facilitarão o movimento normal quando o paciente recupera o controle do braço.

Promovendo mudança de posições


A posição do paciente deve ser mudada a cada duas horas. Para colocar um paciente em uma posição lateral (decúbito lateral), coloca-se um travesseiro entre as pernas antes que o paciente seja virado. A coxa não deve ser agudamente flexionada. O paciente pode ser virado de um lado para outro, mas a quantidade de tempo despendido no lado afetado deve ser limitada, em virtude da sensação comprometida.
Quando possível, o paciente é colocado em posição de decúbito ventral durante 15 a 30 minutos, várias vezes ao dia. Isso ajuda a promover a hipertensão das articulações do quadril e a evitar as contraturas em flexão do joelho e do quadril. Ajuda também a orientar as secreções brônquicas e impede as deformidades em contratura dos ombros e joelhos. É importante reduzir a pressão durante o posicionamento.

Estabelecendo um programa de exercícios


O paciente deve ser estimulado a movimentar os membros oito a cinco vezes por dia, de forma a manter a mobilidade articular, recuperar o controle motor, evitar a deterioração adicional do sistema neuromuscular e estimular a circulação. O exercício é valioso na prevenção da estase venosa, a qual pode predispor o paciente à trombose e embolia pulmonar.
O paciente também deve ser lembrado para exercitar o lado não afetado a intervalos durante todo o dia.

Prevenindo a dor no ombro


Até 70% dos pacientes com AVC sofrem de dor intensa no ombro, o que os impede de aprender novas habilidades, pois a função do ombro é essencial para obtenção do equilíbrio e realização de transferências e atividades de autocuidado. Podem ocorrer três problemas: ombro doloroso, subluxação do ombro e síndrome do ombro e da mão.
Esses problemas podem ser evitados através do posicionamento e movimentação adequada do paciente.

Tratando a disfagia


O AVC pode resultar em problemas de deglutição (disfagia) devido à função comprometida da boca, língua, palato, laringe ou parte superior do esôfago. As dificuldades de deglutição colocam o paciente em risco de aspiração, pneumonia, desidratação e desnutrição. Pode ser necessária a utilização de sonda nasogástrica ou nasoentérica.

Obtendo o controle intestinal e vesical


Os pacientes podem ter problemas com o controle intestinal, com a constipação sendo mais comum. Exceto quando contraindicada, uma dieta rica em fibras e a ingestão adequada de líquidos (2 a 3 litros por dia) devem ser fornecidas, sendo estabelecido um horário regular (geralmente depois o café da manhã) para a ida ao banheiro.
Ainda podem apresentar incontinência urinária transitória devido à confusão, incapacidade de comunicar as necessidades e incapacidade de usar o vaso sanitário / comadre por causa do compartimento dos controles motor e postural. Ocasionalmente, depois de um AVC, a bexiga torna-se atônica, com comprometimento da sensação em relação externo é perdido ou está diminuído. Durante esse período, realiza-se o cateterismo intermitente com técnica estéril.

Melhorando a comunicação


A afasia, que compromete a capacidade do paciente de compreender o que está sendo dito e de se expressar, pode tornar-se evidente de várias maneiras. A área cortical responsável pela compreensão e formação da linguagem é denominada de área de broca. A área de broca está tão próxima da área motora esquerda que, com frequência, um distúrbio na área motora afeta a área da fala.
Quando se conversa com o paciente, é importante prender sua atenção, falar lentamente e manter a linguagem consistente das orientações. Uma instrução é fornecida por vez e se concede tempo para que o paciente processe o que foi dito. O uso de gestos pode estimular a compreensão.
No trabalho com o paciente afásico, a enfermeira deve lembrar-se de conversar com o paciente durante as atividades de cuidado. Isso propicia contato social para o paciente.

Mantendo a integridade cutânea


O paciente que sofreu um AVC pode estar em risco de ruptura cutânea e tecidual por causa da sensibilidade alterada e da incapacidade de responder à pressão e o desconforto através da mudança de posição e movimentação. Portanto, a prevenção da ruptura cutânea e tecidual exige um frequente histórico da pele.
Um esquema regular de mudança de decúbito deve ser seguido para minimizar a pressão e evitar a ruptura cutânea (pelo menos a cada duas horas). Quando o paciente é posicionado ou virado, deve-se ter cuidado para minimizar as forças de cisalhamento e atrito, as quais provocam lesão para os tecidos e predispõem a pele à ruptura.

Autores: VASCONCELOS, Dayse Paixão e RODRIGUES, Karla Simone Teixeira FREITAS, Cibelly Aliny Siqueira Lima SOUSA, Sandra Maria Melo.

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